Procurei em Jacarepaguá por causa da sonoridade. Não a dos carros, motos, ônibus, vans sob o sol de fritar ovo. Lá longe havia o recorte das montanhas e o mar era apenas uma lembrança. Então o portão abriu e antes de atravessar a linha entre o que eu buscava e o que havia, um nome brilhou no metal da parede: Humbold. Naquele espaço, sim, havia a sonoridade do silêncio das árvores, dos bancos de madeira, estradinhas de terra, janelas nos chamando atenção, cabeleiras brancas sobre rostos tranquilos e vincados das missões cumpridas. Um quiosque de ferro protegido por uma mata densa ostentava uma placa: Cantinho da Saudade. Fui a Jacarepaguá pra isso – pelos que foram, pelos que estão ali e os que vão lá para aprender mais e mais. Então ela veio, a mulher dos olhos mais lindos, a que rodou o mundo e guardou tudo pra ela. Havia um bolo na mesa. Foi cantado o parabéns em brasileiro e alemão. Ela sorriu como se estivesse sabendo de tudo e certa de que continua pairando nobre na postura e no coração caridoso aos cem anos. Edith.