17:45No velho hotel

Você escolhe o hotel velho no Centro da cidade porque ele tem histórias e fantasmas. Entrei ali e o atendente dormia na cadeira. As chaves com os números dos quartos estavam ao alcance da mão – se eu entrasse no balcão. Entrei. Não pensei 33, mas peguei, como piada. Subi as escadas rangentes. Abri a porta e uma luz vermelha piscava através da cortina. Havia um buraco ali. Tranquei a porta. Ao sentar na cama senti uma mola. O travesseiro era fino. O lençol, puído. O cobertor, quase transparente e na cor destes que vemos cobrindo moradores de rua. Deitei com a roupa do corpo e o tênis sujo. Tudo aquilo era o resumo da minha vida nas últimas 24 horas. Um buraco na alma me arrastava. Para qualquer coisa. Não sei se dormi. Alguém bateu na porta. Abri. Era o porteiro da noite. Nome de filme. Perguntou se estava tudo bem. Menti. Perguntei sobre ele. Disse estar triste, mas que tudo ia passar. Foi isso. O dia seguinte nunca chegou.

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