de Paulo Mendes Campos
O louco espia na vidraça com seus olhos de animal.
Não ri como esperávamos, não canta, não fala.
Reparai nas linhas de seu rosto,
Como são duras e silenciosas.
Não refletem dor nem alegria,
Mas apenas adivinhamos uma tensão
Desumana, cautelosa.
O louco prega na sala seus olhos fixos.
Não vê nada: eu, o jarro de flores, meus livros.
Ah, o que ele vê (jamais saberemos)
Com seus duros olhos de animal silencioso!