6:21LEROS

de Carlos Castelo

Tenho recebido algumas mensagens me perguntando o que acontece. O que rola por eu estar tão raivoso, assim tão mal-humorado e ranzinza. Adianto: não é uma questão etária, hormonal ou genética. Sempre associam esses estados emocionais à senilidade. Posso estar mais velho, sim, é verdade, acontece nas melhores e nas piores famílias. Mas ainda não tenho Alzheimer. Na real, bem real, nem estou raivoso, eu sou raivoso. Sempre fui. Suspeito que, ao nascer, na maternidade São Vicente, lá de Teresina, não me aplicaram a BCG, mas a anti-rábica. Já debutei berrando, chutando, dando trabalho. Segue assim até hoje. Má notícia para os que me querem bonzinho: não mudarei. E por que não? Bem, antes de me questionarem, por que não se questionam as senhoras e os senhores? Por acaso, se sentem confortáveis no Brasil de 23? O Brasil das BET’s, do neofascismo, do salário mimimínimo, do arcabouço fiscal, dos maiores juros da Terra? Estão na boa no planeta da insustentabilidade, do deus Mamom, do Putin, do Trump, da pandemia de ignorantismo? Se sim, me digam, por favor, como continuam mantendo o humor, a graça e as festinhas no semelhante. Pergunto: como é viável não se indignar com tanta mutretagem, se inscrever no coro dos contentes premium, num momento assim? Se a senhora, ou o senhor, tiver essa resposta me mande inbox, assim como me envia votos de “calma, Carlito” ou “nossa, como você anda mauzinho”. Prometo botar em prática. E, antes que me dê um branco, ou um espasmo, vão pra tonga da mironga do kabuletê.

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