18:50Falar

de Ticiana Vasconcelos Silva

Mesmo com a dor
Eu vou falar
Sobre as noites
Em que pude calar
E ouvir
A sua voz
Amor, ventania, beijo
Água sedenta e suja
Véu que espanta o frio
Vida que sobe o rio
Sem nadar
E o nada foi o silêncio
Que soube que a cor mais bela
É viva e misturada
Aos crimes que não cometemos
Cedo senti
Cócegas a despertar
Do sonho
E, assim, vejo,
Ouço,
Conheço a sua palma da mão
Como quem nasceu
Nobre e fugaz
Como quem lambe feridas
Como quem canta partidas
E alegra-se com o breu
Caem os lençóis nos desejos
E os anzóis pescam memórias
Daquela tarde sem amor,
Sem dança,
Sem sol…
Por isso a lembrança
É sempre tardia
E o sol do meio-dia
Vem nos convidar
A ser só o que não houve

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