por Mário Montanha Teixeira Filho
Não sei o que dizer, agora. Conheço apenas a exteriorização da minha angústia: um aperto no peito, os membros doídos e a cabeça cansada. Algo semelhante, ou pior, ou mais intenso – outra vez não sei –, se dá com o mundo que me cerca. Chego a pensar que a realidade é algo que não existe. Ou, de outro modo, que o amor assume uma dimensão e uma linguagem inacessíveis à compreensão humana. Sei que amo, e amo profundamente, mas meu corpo e minhas palavras são incapazes de mostrar o que sinto. Perco-me na aflição das paixões embaralhadas, no desejo incontido de paz, na tentação de preservar o que me encanta. Meu roteiro é quebrado, fruto da impaciência que se espalha em mim. Talvez não esteja à altura do sentimento que carrego comigo, talvez seja prisioneiro de uma vida repleta de fraquezas, maltratada pelo tempo, o meu tempo, que é distante de tudo.
Há futuro, de qualquer modo. Deixo-o com os que o merecem, os que o terão. Se puder, farei parte dele, e tudo farei para fazer parte dele.
Estamos juntos, meu prezado Da Montanha.