O menino sozinho na frente do telão. Está com a camisa da seleção, uma vuvuzela verde e amarela e grita o nome do país enquanto Marquinhos beija a bola para a cobrança do pênalti. Vai Brasil, vai Brasil, o loirinho grita. A mãe filma tudo com o celular. Bola na trave. O Tchau Brasil sai espontâneo, do fundo da dor da alma. Joga a vuvuzela no chão. O choro convulsivo é imediato. A mãe tenta consolar, mas continua filmando. Pode viralizar. Ele diz que nunca mais vai ver o time jogar. Ela diz que daqui a quatro anos tem outra Copa. Ele acha uma eternidade de tempo. Fica revoltado. Quer entrar em campo e dar um pau em quem quer que seja. Na tela vários jogadores choram. Qual o que vale mais? Na Copa de 70, a da conquista do Tri, na partida mais difícil, contra a Inglaterra, numa casa de subúrbio há um garoto vendo o jogo sozinho na sala. A tv em preto e branco. Primeira transmissão direta da competição. Tostão faz uma jogada de gênio quase no bico esquerdo da grande área. Dá um nó nos ingleses depois de passar entre as pernas de Bobby Moore. Rodopia e faz o lançamento sem olhar. A bola cai no pé de Pelé. Ele mata e encosta para Jairzinho. A bomba vence Gordon Banks, que havia cometido a defesa mais difícil e linda de todos os tempos, na cabeçada do Rei. O pai do garoto está trabalhando. Sempre disse que o país não tem jeito. Cinquenta anos depois, o loirinho canta a pedra que agora, na bola, é hora do tchau Brasil.
Que péssima notícia. Divino era Divino nas páginas da Placar.