Saudades de casa é (cheiro de) mato. Mas qual casa? Aquela em que minhas asas cabem bem abertas. Estou alerta. Atenta. Concentrada. Deslumbrada com a magia dos instantes que perecem como grãos de areia ao vento. Minh’alma se desprende nas dimensões. Vivo secretamente um amor pelo vazio. Escrevo. Danço. Descanso. Cresço na solidão. Inspiro a pureza do sol. Expiro éter aquarelado. Vagueio, mas sem rodeios. Ando em linhas retas. Pulo amarelinha e chego ao céu. Ah! A felicidade de ser criança. De celebrar em dança. De almoçar na janta. Toda liberdade que se expõe ao se ter a esperança da beleza ao amanhecer. A lua, o sol, as estrelas, as ondas que quebram na praia, o ar, o salivar de uma bebida que sacia a sede. Cada ato em apenas um ato. A vida. Em cada momento. Até no lamento da solidão. Toda percepção não passa de matéria para a imaginação. O voo mais bonito é o que leva para perto do mar. Lá onde tudo começou. A entrega é a o ato preciso e fora de qualquer definição. Juntos, seremos insanos ao luar. A cantar a velocidade da luz. Distantes, seremos almas prisioneiras das ilusões. E descobriremos a razão do amor. A minha mão já está colorindo um novo quadro. Verde, vermelho e azul (abstrações da mente). Distraídos e contraídos. Expandidos e alinhavados. Uma colcha de retalhos cobre as dores. Pulsando. Partindo. Buscando. Fugindo. Vamos chegar onde já estamos? Meus pés estão molhados. Sinto cócegas ao seca-los. Vejo todas as cores que não pintei. Na minha alma há gaiolas desenhadas. Suspiro. Não paro de escrever. Mas saber é muito pesado. Prefiro viver sem passado. Pensar sem futuro. Viver o segundo. O relógio me desconectou e o agora acabou. Me perdi. Voltei. Estou aqui. Um pesadelo. Pedras rolando pelo espaço. Uma guerra. A da hora da morte. Mas qual a sorte de um novo universo? O verso eu sempre faço. Desconexo como tudo que escrevo. Medo. Pulei o horizonte e havia uma fonte. Defronte ao papel. Escrevi e saí correndo: te amo. Mas o amor é mesmo para quem adormeceu. Eu, acordada, busco na madrugada a saída. Pisquei e perdi o final. Distração. Mas a lua está lá. Na minha retina. Não esqueço. Ela me deu a razão do amor pelo espaço.