Tu não és a fonte de desejos
Tu és uma bola retangular
E eu a olhar as suas curvas
A me delimitar em meus sonhos
Ponho de lado a minha ausência
Nessa congruência de saber sem saber
O paradoxo desta sutileza
De abrir a porta que está
Longe dos auspícios
Dos precipícios
Dos inícios
Fim da tarde
E parte a metade ao meio
Como se fosse um recreio
A delimitar a lua em cheio
Cheia estou
De histórias do amor
Que não sabem repor
Linha na agulha
Angústia que me vem
Sol que se fez
No fio da solidão
Palavras não dirão
O santo nome
E eu sem fome
Sem orbe
Sem consorte
Sem porte
De uma brisa
Ao mar
E o lar é longe
E o sal é fonte
Da exatidão
Arde como grávida
Parte como sábado
Grave como os pássaros
A cantar a inépcia
Desta modesta intuição
Tão útil como um grão
Que vai engasgar
Na floresta do coração
Unindo bárbaros
Desfazendo a união
Fingindo ácidos
A limpar a questão:
Sou sol ou gélida
Devassidão
Do mérito mais longo
Desta vasta canção