Da FSP
Empresário da área de tecnologia está há quatro anos como secretário de Ratinho Júnior (PSD) no Paraná
O atual secretário de Educação do Paraná, Renato Feder, aceitou convite do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) para comandar a educação em São Paulo.
Pessoas próximas a Feder disseram à Folha que ele já informou o governador Ratinho Júnior (PSD) que deixará o cargo. O nome de Feder deverá ser anunciado a partir da próxima semana, e ele assumirá a pasta em janeiro.
A definição sobre a pasta de Educação é uma das prioridades da equipe de transição do governo, que deu início ao trabalho na quarta-feira (16). O ano letivo começará no dia 6 de fevereiro, quase um mês após a posse de Tarcísio.
Como a Folha mostrou, nesta sexta-feira (18), Tarcísio deverá herdar da gestão João Doria/Rodrigo Garcia (PSDB) a falta de professores, situação vivida durante todo o ano letivo de 2022.
Há nove anos sem concurso público para professores, o estado reúne 3,5 milhões de alunos e 210 mil docentes. Além de não ter conseguido solucionar o déficit na rede estadual ao longo deste ano, a gestão atual acelerou a expansão do ensino integral. Este modelo pressiona ainda mais a demanda por professores.
O comando da secretaria estadual de São Paulo, a maior rede de ensino pública do país, dá a Feder a visibilidade que ele busca há anos.
Conforme adiantou a Folha, seu nome estava entre os mais cotados desde que Tarcísio venceu a eleição. A equipe avalia que a educação paulista tem problemas graves, como a falta de professores, por isso a pasta precisa ser comandada por alguém que já tenha experiência com grandes redes de ensino.
Empresário da área de tecnologia, Feder está há quatro anos como secretário de Ratinho Júnior e conseguiu colocar as escolas estaduais paranaenses entre as com melhor desempenho na última edição do Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), o que chamou a atenção da equipe de Tarcísio.
As políticas adotadas por Feder no Paraná estão alinhadas a interesses de fundações e empresários da área. No fim de outubro, por exemplo, o governo paranaense abriu um edital para contratar empresas que vão gerir 27 escolas estaduais, a partir do próximo ano.
Feder também foi responsável por implementar um sistema de teleaulas para alunos do ensino médio para contornar a falta de professores no estado e aumentar a oferta do que ele chama de ensino técnico.
As aulas por televisão, implementadas por Feder, levaram alunos de diversas escolas a protestar contra o modelo. No início do ano, os estudantes passaram a se recusar a assistir às aulas nesse formato.
As ações adotadas por Feder no Paraná também agradam à ala Bolsonarista, já que durante sua gestão ele promoveu uma das maiores ampliações de escolas cívico-militares no país. De 2020 a 2022, ao menos 195 escolas estaduais paranaenses passaram a ter o modelo defendido por Bolsonaro.
Feder nasceu em São Paulo, possui mestrado em Economia pela USP (Universidade de São Paulo) e graduação em Administração pela FGV (Fundação Getulio Vargas). No setor privado, ele se destacou como proprietário da empresa Multilaser.
Considerado liberal, Feder chegou a defender a privatização do ensino e a extinção do Ministério da Educação.
No livro “Carregando o Elefante” –como transformar o Brasil no país mais rico do mundo, ele o seu colega Alexandre Ostrowiecki defendem a tese que o governo deveria reunir oito ministérios e as funções das pastas de educação e saúde deveriam ser transferidas para agências reguladoras.
Para o sistema de ensino, Feder sugeriu a implantação do sistema de vouchers, em que famílias receberiam uma espécie de cupom com o qual matriculam os filhos em uma escola particular. O valor do cupom, então, seria pago diretamente à escola pelo governo.
No entanto, quando ele assumiu a Educação do Paraná, diz ter mudado de ideia após estudar o tema com maior profundidade.
Em julho de 2020, ele foi convidado pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) para ser ministro da Educação após a saída de Abraham Weintraub.
A indicação não foi adiante na época por causa da relação próxima que Feder teve com o então governador de São Paulo, João Doria (que era do PSDB). Em 2016, Feder doou R$ 120 mil para a campanha de Doria à prefeitura paulistana.
Feder desistiu de ser ministro de Bolsonaro depois de sofrer ataques de apoiadores de Olavo de Carvalho e de evangélicos em razão de de sua proximidade com Doria.
O nome de Feder foi sugerido a Bolsonaro pelo ministro das Comunicações, Fabio Faria, além de empresários. Na ocasião, uma ala considerada ideológica do governo, ligada ao escritor Olavo de Carvalho, e políticos evangélicos pressionaram o presidente para reverter a escolha de Feder.
Após a campanha contrária dos apoiadores de Bolsonaro, Feder recusou o convite. “Agradeço ao presidente Jair Bolsonaro, por quem tenho grande apreço, mas declino do convite recebido”, escreveu em suas redes sociais.
A nomeação de Feder, alinhado ao bolsonarismo, representa um revés para o coordenador da equipe de transição, Guilherme Afif Domingos (PSD), e para o próprio chefe do PSD e articulador da campanha de Tarcísio, Gilberto Kassab. O nome sugerido pela dupla era o do ex-deputado Thiago Peixoto, que foi secretário da Educação de Goiás.
Agora é só pegar uns milicianos no RJ e tá feito o rodízio de estrangeiros em SP.o