6:16O preenchimento de uma lacuna

por Célio Heitor Guimarães

A pergunta feita aos jornalistas, em tom de brincadeira, pelo futuro vice-presidente Geraldo Alckmin, após a primeira convocação da equipe de transição, diz tudo e prenuncia uma nova época:

– Vocês notaram como a atmosfera hoje está mais leve, mais amena e mais tranquila aqui em Brasília?

A resposta, foi um sorriso da rapaziada. Sorriso de alívio, de fim de pesadelo, de esperança de dias melhores. Nos últimos quase quatro anos, a imprensa, como todo brasileiro, viveu em constante aflição, angustiada, apreensiva, na constante espera de uma nova desgraça procedente do Palácio do Planalto. Era uma fieira de loucuras, maldades, impropriedades, incúrias e más notícias, interrompidas com o resultado no segundo turno das eleições presidenciais.

O jornalista Ruy Castro sintetizou bem: “Nas duas semanas desde a sua derrota nas eleições, Bolsonaro só foi ao Palácio do Planalto duas vezes (…). Fechou-se mudo no Alvorada e nos poupou de seus insultos, ameaças, mentiras, palavrões, cinismos e perdigotos”.

Ruy acrescenta que “leitores expressaram satisfação por passar dias sem encontrar uma menção a seu nome na primeira página dos jornais”. Nem nos noticiosos televisivos, graças a Deus. E o novo membro da Academia Brasileira de Letras concluiu: “A ausência de Bolsonaro preencheu uma lacuna e, nunca parecemos ter tanto governo quanto neste momento”.

Têm toda razão o vice Alckmin e colunista Ruy Castro. De repente, o ar se tornou mais respirável em Brasília e se começou a falar sério de política administrativa, de forma adulta e construtiva – coisa com a qual nos desacostumáramos no Brasil.

Tanto é que muita gente acha que o governo (ou desgoverno) do capitão já acabou e que ele já foi banido do trono. Ainda não, mas falta pouco e, nessa época – como bem dizia do saudoso presidente o TJ/PR, des. Alceu Conceição Machado – nem o cafezinho é mais servido quente.

O karma bolsonaliano está prestes a acabar. Foi triste, difícil, desagradável, quase insuportável. Mas está no fim, graças aos eleitores.

Ficarão os seus devotos, cegos seguidores, sem consciência e nenhum amor pelo Brasil. Mas a tendência é o esvaziamento em razão do afastamento do poder. Não há divindade que sobreviva sem altar.

A exceção é Lula. Mas deste trataremos oportunamente. Depois de formado o novo ministério, escolhidos os assessores e o caminho a ser seguido.

Luiz Inácio preocupa-nos? Sim e muito. Mas nada que se compare com o demente que está nos deixando. Além do que, estamos botando fé no vice Alckmin e na companheira Janja, bicho do Paraná, de União da Vitória.

P.S. – O cara nem assumiu e já está recebendo uma saraivada de críticas por haver pegado carona para o Egito num jatinho de um empresário. Como o pessoal da Conferência do Clima, que fez o convite, não se pronunciou sobre o transporte e muito menos o atual governo, queriam que ele fosse a nado?! A viagem não é oficial, mas é do interesse do Brasil. E, se me permitem o excesso, do mundo.

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3 ideias sobre “O preenchimento de uma lacuna

  1. Jose.

    Nem vou entrar nos detalhes do texto, discutir com convertidos é perda de tempo.
    Vou ficar só no P.S.
    Quanto ao assunto “jatinho”, além do fato de ser um absurdo em termos de compliance, tem o fato de ser de um empresário corrupto da área de saúde,as o lula vai defender o SUS…sim, como nos desgoverno anteriores dele os bancos quase quebraram também né?
    “À mulher de Cesar não basta ser honesta, tem que parecer honesta”

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