É triste a tristeza
E a beleza lunar
É uma realeza
A certeza
Nunca foi certa
E a madrugada
Sempre desperta
Me traz desatinos
Um menino
Mal criado
Um sino mal tocado
Uma órbita feérica
Uma glória eterna
E eu sem uma gota
De cantos venéreos
Que massificam
A artéria
Séria e liberta
Da onda fugaz
Sou ritmo ilícito
Sou mágoa voraz
Que só faz
Névoa e pérola
A única razão
De minha sina
É a grave hipocrisia
Que tímida
Volta ao ninho
Sozinho e extasiado
Com o grão ao lado
Morro com o sábado
Domingo de sol
E mais um rouxinol
Me traz a mensagem
Passagem ao infinito
E tudo que era bonito
Se desfez
Uma vez eu era criança
E a dança se ausentou
Dos aposentos retóricos
Com a minha altivez
E mês a mês
Eu sonho
Dia a dia
Eu doo
A minha criação
Chão, matéria
Miséria
E um não
Quem me viu nua
Nunca soube a exatidão
Das minhas horas
Ó história sem reis
E foi-se a gente
Sem minorias
A minha são as manias
De rir e chorar
Choro o parto
Rio o riso
Vivo e sinto
Que nunca há um lugar
Para a memória
Se ausentar