por Thea Tavares
As mentiras do Bolsonaro não dão sossego! Mente tão descarada, deslavada e insistentemente que arrisca qualquer iniciativa sincera, por mínima que seja, lhe causar um choque anafilático. Assume a personificação do termo “fake” em tempo integral. Uma amiga jornalista, correspondente internacional, se automedica em proteger o estômago na expectativa angustiante do primeiro debate desse segundo turno das eleições presidenciais. Diz ela apavorada: – Eu acho difícil debater com alguém que não tem pudor em dizer que a bola é quadrada! E muitas pessoas se deixam convencer!
Pois, então, minha amiga, a propaganda na TV, que começou a circular, veio confirmar suas aflições. É de um insulto fanfarrão escorchante! Não dá nem para chamar de “lobo em pele de cordeiro” ou se referir à comercialização de “gato por lebre”, sob pena de ofender qualquer criatura inocente do reino animal em comparação tão abjeta. Acredito mesmo que os mandantes da porra toda se divirtam com a cara do eleitor na produção do comercial e de todas as peças publicitárias que envolvam a mercadoria anunciada em questão.
O marqueteiro deve chegar para sua equipe em reunião sobre estratégias e defecar a seguinte regra: – Façam de conta que estão vendendo o Lula, o Mahatma Gandhi, Dalai Lama, a Irmã Dulce dos Pobres, a Madre Teresa de Calcutá! Até a voz mansa do personagem falso no reclame destoa, carece de autenticidade e debocha da dita cultuada família brasileira. E nem se dá ao trabalho de disfarçar a zombaria. Tem sempre um riso ameaçador em contagem de bomba-relógio nas entrelinhas de cada frase mal-dita.
Claro que ninguém grava comercial, pedindo voto, sem antes visitar o cabeleireiro, a maquiadora, “o lojinha” do sírio (o que se escreve com S), sem aumentar, um tiquinho aqui, outro ali, a importância dos seus feitos. Todo mundo se produz para levar pra frente das câmeras os seus melhores ângulos. Se puder “photoshopar” depois a papada, as olheiras etc, tudo fica muito melhor e mais bem pago.
Mas a propaganda de TV do Bolsonaro esbofeteia a sanidade mental do telespectador quando descreve uma pessoa que não é ele, um governo que não é o dele e um caráter que podemos até arriscar que ele nunca teve. Quiçá possuiu até o evento de sua primeira e única dose da BCG. É fake, fake, fake em tempo integral!
Personagens fantasiados com o mesmo fenótipo dos seus ofendidos desfilam sorrisos e votos de uma suposta confiança. As mulheres, cada vez mais ameaçadas pela banalização da violência e dos estímulos misóginos, os nordestinos, depreciados em piadas e comparações toscas, os negros a peso de arroba e assim por diante se revezam na tela. Se já tiver dado tempo de produzir, logo aparece um índio, assando no rolete, à espera de ser jantado, com uma maçã na boca, não sem antes demonstrar sua derradeira adesão à campanha do “cidadão de bem”. Tá osso, viu?! Vou buscar na farmácia o remédio daquela amiga ou um ansiolítico.
Sanidade mental (e até a física) é o que me falta para esboçar argumentos e críticas em torno da enxurrada de mentiras eletrônicas de conteúdo pesado e indigesto, que chegam regurgitadas pelos aplicativos de mensagens e através das redes sociais. Os abomináveis algoritmos dessas redes têm ao menos hoje a serventia de desviar das nossas caixas de correio e das contas nos perfis de interação o que eles já avaliaram por diversos cruzamentos que não nos interessa. Uffa!
Ainda assim, tem sempre um parente, conhecido, abençoadinho que repassa e divide o espanto:
– Viu esse absurdo?
– Agora, sim. Obrigada!
O intervalo da novela trouxe de volta o resumo da propaganda eleitoral. E eu fiquei esperando que a audiência do último capítulo de Pantanal fosse turbinada com a imagem da sucuri gigante, arrastando o celerado candidato para o esgoto da história e da vida pública brasileira. Mas o final dessa novela eleitoral em cartaz ainda é aguardado para o dia 30 de outubro próximo. E será terapêutico digitar que a bola é redonda, assim como é arredondado o formato do Planeta, e parar de passar vergonha internacional. Já deu!
Sugiro ler e refletir sobre o texto do Pondé, acima.
Os dois lados são pródigos em “fake news”, mas a imensa maioria da imprensa só vê de um lado.
E a maioria que se acha “acima” disso, principalmente aqueles que só enxergam um lado, se transformam em massa de manobra de espertalhões que só pensam no poder.
Nunca foi pelo povo, nunca será enquanto tivermos gente “inteligente” defendendo bandidos, a direita e a esquerda.
Acordem.
Não adianta José….desista….aqui só tem POVO BUNDA
José, a escolha, na minha opinião, é simples: entre o direito de poder criticar livremente, opiniar e de discutir democraticamente ou não poder nem comemorar o próprio aniversário em paz.