Da coluna de Carlos Brickmann
Dizem que errar é humano, mas tudo tem limites. O erro tem de servir para ser corrigido. Não é impossível que haja pesquisas nacionais compradas, mas é improvável: é muita gente envolvida, coordenação entre diversas empresas, dificílima viabilidade. E, pior ainda, as empresas reduzem sua credibilidade perante o mercado. O mais provável é o erro.
Relembrando: a Ford, inconformada com a perda da liderança do mercado para a GM, decidiu lançar um carro imbatível. Fez uma pesquisa nacional e apurou que os consumidores queriam um carro discreto, econômico, familiar. Lançou o Edsel, com o nome do herdeiro da empresa. Um notável fracasso: o pesquisado respondia àquilo que imaginava ser o que se esperava dele, mas na verdade queria um carrão chamativo, de alta potência, símbolo de sucesso, de status.
A empresa de pesquisas Gallup passou a usar perguntas que indicavam contradições entre o desejo real e a resposta, digamos, politicamente correta. Houve também as pesquisas que indicavam a vitória do candidato republicano Thomas Dewey contra o presidente Truman, com vantagem tão grande que houve jornais que cravaram Dewey presidente. De novo, houve modificações na metodologia das pesquisas.
Aqui está na hora de fazer isso. Pode ter havido mudanças de última hora, é verdade; é parte do jogo. Mas voto envergonhado, resposta contraditória, tudo tem de ser detectado. A confiabilidade exige uma reformulação.
Por falar nisso
E hoje à noite sai a primeira pesquisa do segundo turno, elaborada pelo Ipec a pedido da Globo. A margem de erro prevista é de 2 pontos percentuais.