Pouco a pouco, surge na linha do horizonte a luz triunfante do novo eleito. Cabeça de touro, corpo vegetal, pés de pato, ainda úmido do suor do parto, ele aspira crescer na selva selvágia. Mas sem mãe (gerado de si próprio), no planalto inóspito, quem o vai alimentar? Quem lhe oferecerá o seio, propriamente dito, para sustento do corpo, ou simbólico, para a nutrição da alma? Se alguém o fizer, como confiar no alimento, que pode ser uma traição, estar envenenado na rivalidade política, pela ânsia de outros egos que sabem bem que ele quer ocupar todo, todo, o espaço disponível? Onde, e com quem, aprender os primeiros passos de um balé à beira do abismo? Em que caverna habitar enquanto se ruminam sonhos e devaneios de poder e de glória, realização e plenitude, e se espera, e se assume, e se administra o Cargo?