17:25ZÉ DA SILVA

Fui fazer uma foto para o jornal clandestino. De valetão. Isso na megalópole. Os editores eram comunistas, socialistas ou sei lá o quê. Esquerda. Ainda queriam a revolução, mas se escondiam  como ratos depois que os gorilas já tinham acabado com a folia doidivana de forma sangrenta. Quase que retratei minha rua na vila, porque morava nas franjas da cidade, com esgoto a céu aberto em todas as vielas. Estava ali fazendo o quê? Aliciamento? Não entendia patavinas do que diziam. Não entendo até hoje, quando cada um fala o que quer, gorilas estão nos galhos com muitos frutos do poder – e passei de miserável a pobre remediado depois de meio século de batente. O país é isso aí, sempre foi e, como sou otimista, sempre será. Milagre dos peixes só o disco do Milton, que pendurou as chuteiras. Me pedem para votar consciente. Se for isso, nem aperto o botão, me aproveito da idade na reta final, na descaída. O que quero mesmo – e peço, é que, se tiver velório presencial, não me coloquem algodão nos buracos do nariz; e que alguém espante as moscas.

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