20:48320 mil disparos

Do G1, por Caio Budel e Carolina Wolf, g1 PR e RPC — Curitiba

Mensagens com ameaça ao STF e apoio a Bolsonaro foram disparadas mais de 320 mil vezes por sistema do Governo do Paraná, diz Celepar

Esclarecimento da companhia do governo responsável pela ferramenta foi feito ao TSE e outros órgãos. Terceirizada de telecomunicações disse que houve criação clandestina de usuário chamado ‘presidente_bolsonaro_mais_uma_vaz’.

As mensagens com apoio ao presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) e ameaça ao Supremo Tribunal Federal (STF), enviadas por meio de uma plataforma de inteligência artificial do Governo do Paraná no sábado (23) e domingo (24), foram disparadas 324.818 vezes, conforme ofícios apresentados pela Companhia de Tecnologia da Informação e Comunicação do Paraná (Celepar).

Os esclarecimentos da companhia foram encaminhados em 24 de setembro ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Tribunal Regional Eleitoral (TRE-PR), Procuradoria-Geral Eleitoral e Procuradoria-Geral de Justiça. A informação também consta em boletim de ocorrência na Polícia Civil (PC-PR).

No primeiro ofício encaminhado aos órgãos, a Celepar disse que, tão logo tomou conhecimento dos disparos, desativou todas as funcionalidades de envio de SMS de suas aplicações.

Afirmou, também, que identificou a criação de uma conta clandestina nomeada “presidente_bolsonaro_mais_uma_vaz [SIC] na plataforma da operadora de telecomunicações e terceirizada do governo, Algar Telecom.

Nos ofícios, a companhia também solicitou aos órgãos pertinentes que sejam “tomadas as medidas cabíveis para apuração de possível crime eleitoral, bem como sua autoria”.

Os disparos aconteceram no final da noite de sexta-feira (23), para base de usuários da ferramenta Paraná Inteligência Artificial (PIÁ), ferramenta de comunicação do governo estadual.

No sábado (24), o governo do estado e a Celepar repudiaram a atitude, registraram boletim de ocorrência e disseram ter sido vítimas de um crime.

Resposta ao TSE

 

Na segunda-feira (26), a Celepar encaminhou novo ofício com esclarecimentos ao TSE, atendendo a uma intimação do ministro Benedito Gonçalves, que solicitou informações para a companhia e a Algar Telecom, se os disparos teriam cessado.

No pedido, o ministro impôs multa diária de R$ 50 mil caso as mensagens ainda estivessem sendo enviadas.

No segundo ofício ao TSE, a Celepar reforçou a interrupção dos envios pelo número 28523.

Em ofício à Celepar, no dia 24, a Algar disse “que houve acesso indevido à parte da base de dados do sistema utilizado para o envio e recebimento de mensagens, por meio do uso de credenciais válidas vinculadas à Celepar”.

Em ofício ao TSE, a Algar também detalhou que todos os disparos foram feitos por dois usuários diferentes, a partir de um único endereço de IP.

A empresa também reportou a criação clandestina de um usuário com apoio ao presidente dois dias antes dos disparos clandestinos serem registrados.

Segundo a empresa, em 21 de setembro, um cadastro realizou a troca de senha de um perfil administrador do sistema. A alteração foi feita às 23h09.

Também no dia 21, às 23h27, um usuário com permissão de administrador criou o usuário presidente_bolsonaro_mais_uma_vaz.

No dia 23, dois dias depois, a empresa identificou três disparos de mensagens por dois usuários: às 20h2520h37 e 21h33.

Na madrugada do dia 24, à 0h41, a empresa identificou o último disparo de mensagens.

Celepar, Algar e governo negam crime

Desde o momento em que os disparos em massa se tornaram públicos, o governo do Paraná, a Celepar e a Algar Telecom negaram crime.

Em nota, a Celepar afirmou que foi vítima, junto ao governo estadual, do disparo.

“O caso é grave e os responsáveis serão penalizados na forma da lei. Os órgãos policiais e eleitorais já foram acionados em todas as esferas e os boletins de ocorrência realizados para fins de investigação. […] A Celepar e o Governo do Estado foram vítimas desse crime.”

RPC apurou que o contrato entre o governo e a Algar tem valor superior a R$ 4 milhões e prevê pagamento de R$ 0,0412 por SMS. A validade é agosto de 2024.

 

2 ideias sobre “320 mil disparos

  1. bs

    se prevê pagamento de R$ 0,0412 por SMS, As mensagens enviados, custaram ao governo R$13.382,5016 . E quem paga é a ninguezada para alguém fazer campanha para o Bolso.

  2. Francisco Lima

    Quantas coincidências! A quem aproveita o crime? O meliante privilegiou nas mensagens o candidato parceiro do roedor em chefe do governo estadual, bem como de todos os parcas e agregados aboletados nas tetas estaduais. O povo paga seus impostos aos governos que por sua vez remuneram empresas privadas prá terceirizar serviços que o governo deveria executar, e as empresas particulares, tais quais as pedagieiras fizeram durante décadas, além de fazer mal e porcamente suas obrigações, quarteirizam e quinteirizam suas credenciais e serviços, colocando nas mãos de bandidos a estrutura publica de informação e dados sensíveis de toda a população. Cadê o Ministério Público?

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