Do Analista dos Planaltos

A “política do asfalto” não é novidade nenhuma. Ontem, por exemplo, aconteceu, com pompa, mais um episódio em Curitiba. Há quatro meses da eleição Ratinho Junior, candidato à reeleição, autorizou o repasse, a fundo perdido, de R$ 40 milhões para obras de reciclagem, fresa e recape asfálticos de ruas da capital. O prefeito Rafael Greca sorriu e agradeceu, mesmo porque no próximo dia 25 assina ficha de filiação no partido do governador, afinal, não é só a população que vai agradecer – ele, prefeito, pavimenta seguro seu futuro político. Ele sabe que ações como a de ontem rendem. Quem tem um pouco de memória lembra que, pouco antes de deixar o cargo, o ex-governador Beto Richa também agraciou Greca com recursos para asfaltamento. Só que o tucano liberou uma verba três vezes maior que o atual chefe do Executivo: foram R$ 120 milhões, dos quais R$ 90 milhões da Secretaria de Infraestrutura e Logística (SEIL) e R$ 30 milhões da SEDU. Coincidência ou não, isso aconteceu após a saída do secretário Ratinho Junior da pasta. O repasse de ontem reforçou os comentários de que, de olho na cadeira do Palácio Iguaçu em 2026, Rafael Greca estaria interessado em comandar a mesma secretaria que já foi ocupada pelo atual governador, para poder transitar entre os prefeitos e liberar recursos para obras. Para o lado do governador, os adversários perguntam se é legal liberar dinheiro para asfalto em período pré-eleitoral. De qualquer forma, ontem, no evento oficial da liberação dos milhões, estava lá o deputado federal Luciano Ducci que, quando foi prefeito por dois anos em substituição a Beto Richa, jogou bruto na área do asfalto – mas não deu certo: não foi reeleito.