por Jorge Pontes*
PF vive o apogeu da era dos delegados abduzidos pela política
A Polícia Federal atravessa uma crise pública sem precedentes no governo Bolsonaro. E isso é uma realidade que não pode ser mais disfarçada
Depois de termos testemunhado a passagem de cinco diretores-gerais num lapso de menos de quatro anos, vemos agora um caso de ingerência política escancarada, para não dizermos desavergonhada.
A direção-geral da PF resolveu mudar o comando de sua unidade em Alagoas, uma unidade da federação onde o fisiologismo politico historicamente impera. Pois bem, após a indicação formal do delegado Marcelo Werner para substituir o atual superintendente Sandro Valle, uma reviravolta operada pela intervenção do ministro da Justiça Anderson Torres impediu a mudança de chefia.
Ontem, 10 de maio, dez delegados da PF lotados em Alagoas firmaram um documento inédito na história do órgão, onde cobram explicações à direção do órgão sobre o titubeio administrativo, explicitam abertamente a quebra de confiança no atual superintendente e ainda colocam seus cargos de chefia à disposição.
E houve quem comemorasse quando Anderson Torres assumiu o Ministério da Justiça, por termos ali, na “nossa pasta”, pela primeira vez, um delegado da PF. Ledo engano, na verdade a leitura deveria ter sido outra: o que tínhamos antes era um político dentro da Polícia Federal.
Quem acompanha a PF sabe que estamos vivendo o apogeu da era dos delegados abduzidos pela política, os chamados “delegados pet”. E esperamos que a ficha caia na corporação, e que os próprios quadros da PF, os profissionais de polícia, reajam a essa triste realidade.
Conversando com meu colega e amigo Rosalvo Franco, que foi titular da Superintendência da PF em Curitiba, durante quase todo o curso da Operação Lava Jato, soube que ele nunca foi – e nem se sentiu – acossado pela direção-geral do órgão, na época ocupada por Leandro Daiello. O delegado Daiello por sua vez resistiu, equilibrando-se no fio da navalha, entre fazer o que era certo e se manter minimamente leal ao ministro José Eduardo Cardozo. A bem da verdade, Cardozo igualmente se conteve. O que aconteceu depois todos sabem. A Lava Jato correu, e minou o próprio governo que nomeara Daiello, sendo capital para a derrocada da presidente Dilma Rousseff.
Leandro foi um equilibrista que sabia que a história iria julgá-lo no futuro. Blindou como pôde a equipe de Curitiba. Foi discreto e nunca comemorou as prisões dos poderosos, porque aí poderia ser visto como que tripudiando sobre sua linha hierárquica.
É triste reconhecer que o governo Bolsonaro, eleito na onda e por força da Lava Jato, que por sua vez foi produto do trabalho da própria Polícia Federal, está fazendo de tudo para interferir e neutralizar a Polícia Federal, justamente no que ela tem de melhor a entregar para a nossa sociedade, os inquéritos e investigações sobre esquemas de corrupção pilotados por poderosos.
Os governos do PT promoveram esquemas de corrupção históricos, como Mensalão e Petrolão, mas não conseguiram – e nem sequer chegaram perto de tentar – emascular a Polícia Federal como o governo Bolsonaro está fazendo.
Estamos assistindo a um ataque desassombrado às instituições, que ocorre à luz do dia. E isso é terrível para a democracia e para a Justiça desse país.
Que os agentes, peritos e delegados da PF não capitulem pelo caminho, pois o amanhã há de chegar.
*Jorge Pontes foi delegado da Polícia Federal e é formado pela FBI National Academy. Foi membro eleito do Comitê Executivo da Interpol em Lyon, França, e é co-autor do livro Crime.Gov – Quando Corrupção e Governo se Misturam
*Publicado na revista Veja
Acho que este pessoal da PF deveria fazer uma autocritica….o que vimos nas mensagens apresentados pelo Intercept, foi uma PF conduzida pelo Moro e pelo Deltan…..a Lava Jato foi uma farsa juridica que prejudicou a Engenharia Brasileira….a Historia mostra que o BRasil foi refem da Engenharia estrangeira ( vide as obras como o Viaduto Sao Joao…os Mercados de Belem, Manaus…Recife …que vinham pronto da Inglaterra) e agora que as nossas Empreiteiras estavam atuando fora do Brasil…veio este bando de doido e acagou com todas elas…..
Bolsonaro mexe os pauzinhos todas as vezes que a PF começa a chegar perto dos malfeitos da família e aliados próximos. É hora da PF criar coragem de deixar isso bem claro à sociedade e não apenas reclamar de um genérica “ingerência”.
Não vem jogar só nas costas do desgoverno genocida não, vocês da PF que elegeram essa desgraça, e não venha me dizer que vocês da PF não sabiam que o genocida era isso tudo e um pouco mais o histórico dele era público para quem quisesse ver, o que houve na verdade é que a PF e as demais instituições brasileiras se politizaram usaram de suas estruturas para fazer politicagem e isso é o que se não corrupção, portanto os mais corruptos e criminosos foram vocês da PF e os demais do poder judiciário. Então agora é só colher os frutos daquilo que vocês plantaram . Canalhas, canalhas, canalhas
É ridículo um delegado aposentado da PF reclamar do governo que eles próprios colocaram no poder. Quem não se lembra dos alvos preferidos desses vestais quando em campanha? Os governos petistas erraram quando promoveram numerosos concursos e inflaram a máquina da PF, hoje coalhada de concurseiros reaças empedernidos, inclusive de um dos filhos do atual desgovernante do país !