E eu só quero morar bem. Bem longe do Brasil.
O único roteiro de longa que escrevi era um misto de “O Ano Passado em Marienbad” com “O Exorcista”. Virou gênero: cinema de arte do demônio.
Trabalhou a vida toda como carteiro, nunca teve um amor correspondido.
Bastou abrir a sociedade anônima para ficar famoso.
Minha vida não chega a ser ficção, mas é quase um docudrama.
Os preços estão nas nuvens, até a passagem de ano ficou mais cara.
Quem sabe de mim sou eu e o imposto de renda.
Sempre viveu com canalhas. Até depois de morta continuou na companhia de vermes.
Tão mórbido que seu clínico geral é um médico legista.
Eu me mudei para um apartamento tão apertado que a única coisa enorme que tem lá é a vontade de sair.
A originalidade da minha obra reside no fato de nem obra ela ser.
Filhos de Caetano estacionam carro no Leblon e entram na Igreja Universal.
Esse governo é que nem classificação de filme brasileiro: só tem droga, violência e linguagem imprópria.
A pessoa ser antiVasco, tudo bem. Mas antivax, eu bloqueio.
Quanto mais se oprime, mais se cochicha.