… Naquele exato momento, compreendi a grandeza do homem que tem de valer por si mesmo, pela sua desproteção e, sentindo a imensa coragem dos desvalidos, os meus olhos, que vieram suaves e mansos, se tomaram do mesmo ar de desafio, da mesma arrogância que havia nos olhos dos meus irmãos, assassinos e ladrões. Podia haver o que houvesse e minha dor não teria gemidos, podiam me dar de chicote até eu virar ferida e não diria a ninguém que parasse.
de Antônio Maria na crônica ‘A senha do sotaque’, do livro “Vento Vadio”, que relata o episódio de uma prisão antes do Carnaval de 1941