Tinha dois metros de altura e carregava uns120 quilos de uma forma tão tranquila que parecia flutuar. Ganhava a vida como fotógrafo. Na cidade grande tinha duas famílias constituídas. Para uma delas sempre estava viajando – a trabalho. Amava prostíbulos e prostitutas. De toda a América do Sul. No armário onde guardava o equipamento, tinha fotos que as amigas lhe enviavam. Não, não transava com elas. Nunca foi para os quartos. Se inebriava nos ambientes – e conversava. Quando tinha missão profissional em viagem, quem fosse com ele era intimado a acompanhá-lo as ‘casas das moças’, como dizia. Ai se recusassem! Ganhavam um inimigo frio e mudo. Certa vez um bacana de redação quis lhe dar uma rasteira. Mandou-o para o outro lado do oceano para cobrir uma corrida de Fórmula 1, Sozinho. Não falava uma palavra em inglês e muito menos compreendia. Foi. Fez. Voltou como se nada tivesse acontecido. Nunca contou se passou sufoco ou não. Atravessou o espelho anos depois. O luto silenciou os puteiros do continente.