Pelé conversava com o comentarista Carneiro Neto no pátio do restaurante Terra Madre, em Curitiba. Cheguei como se conhecesse o Rei há séculos – e era verdade, afinal… quem não conhece? Cumprimentei-os e engatei uma pergunta sacana ao deus da bola: “É verdade que você jogou num time considerado o melhor de todos os times?” Aqueles famoso olhos que enxergavam tudo dentro de campo demonstraram que sabia que vinha coisa aí. Ele respondeu com a simplicidade que só os privilegiados têm: “Dizem.” Estiquei o braço direito e, com o dedo indicador movimentando de um lado para o o outro, abusei: “Nananinanão! Tem um melhor!”. Ele, obviamente, quis saber qual. Eu: “Clube Atlético Paranaense”.  Expliquei que o time que amamos é melhor do que qualquer um. Depois, nós três rimos – e a cena ficou para sempre na memória, mais do que o registro fotográfico. Logo em seguida, Pelé autografou uma foto onde aparece ao lado de Didi na Suécia, durante a Copa do Mundo de 1958. Dedicada ao Zé Luis, meu pai, torcedor do Santos Futebol Clube que, naquela data, já tinha partido, mas não – e deve ter ficado feliz, mesmo porque nunca viu Pelé jogar ao vivo. Eu ali era seu legítimo representante porque ele sou eu.