Sentinela
A lua sabe que estou aqui
E me disse assim:
Ouça devagar
Procure sonhar
Entenda que sou um radar
A sondar a sua busca
Venha me alcançar
Na rua que é avenida
E na esquina o nó se desfez
E era uma vez
Uma menina
Que roubou no xadrez
Do jogo com a morte
Sorte no ar
E ela a olhar a lua cheia
E sem meias palavras
Tudo se fixou
Na alma perdida
Com uma ferida
Que nunca sangrou
A luz então reinou
Perene e bela
Em sua sentinela
Para que a boca dela
Beijasse o sol
Rouxinol tagarela
Disse que era
O seu redentor
Amor à primeira vida
E assim sentida
Se consagrou
Como um alvo pintado
Sobre a relva da dor
Calmaria da tarde
Que nunca chegou
E o fogo arde
Na porta do que nada restou