O encontro com o demônio começou no calçadão da cidade onde um sujeito vestido de cangaceiro tocava uma sanfona velha e recolhia alguns trocados. Oito baixos. Sempre gostei. Fui conversar. Queria saber da história. Vida. Ele marcou no casarão que tomava conta. Coisa antiga. Ali dentro era ele e… não, não era ele e Deus. Fez questão de falar de Exu. Gostei da conversa. Disse que tinha um altar para o tal. Quis ver. Ele subiu uma escada. Fui atrás. Abriu uma porta, que rangeu – era o quarto onde dormia e ficava escutando os barulhos da rua para proteger a propriedade. Não havia altar. Mostrou então um armário sem porta, mas com um pano impedindo a visão do que tinha dentro. Abriu. De cima a baixo, imagens do Tinhoso. Vermelho sangue. Mais que isso: para cada uma dela, uma vela acesa. Disse que há anos venerava e se sentia protegido. Olhei bem no rosto dele. Havia satisfação e uma aura de paz. Ele tinha encontrado o caminho.