Sou obrigada a escrever e nada mais me resta. Suor calcificando as gotas de sangue. Alma dilacerando a ilusão até que eu me torne entorpecida por suas palavras. Espírito crucificado pela matéria. E o que dizer sobre o nada? Uma onda que se põe a navegar na estrada. Uma lua que se põe de madrugada. Uma cólera de viver enclausurada. Não digo quem eu sou. Apenas me sinto indisposta a uma conversa devagar. A luz que se opõe à escuridão dança comigo um tímido passo de tango. Ouço a memória e ela me diz: conta a história de quem sabe trair. Traiçoeiras rotas que me fizeram cuspir ácido na ideia de quem ousa me atribuir rasas esferas. A minha coragem não é nada. Faço o que me deve ser feito. Obedeço porque é simples. O que mais posso te dizer? Que eu sou profeta? Quem iria acreditar? Não. Não me julgo pelas beiradas do amanhecer. Coloco-me sempre à disposição. E lá se vão anos-luz de ficção. Vou escrever apenas isso. Um risco de giz na escuridão. Repetir palavras não é condição primária de quem merece escrever a prece mais ordinária. Rezo e confesso. Sou a assimetria. E quem me vê sabe que sou uma mania de grandeza. Aquele que se assustou ao me ver me revelou: você é mesmo o prazer. Prazer: Ticiana Vasconcelos Silva. Uma tímida vida. Mas incomparável idealização. Ideais morrem. E que vivam as torres da guerra. Para lembrar que eu lutei para ver o rei. Reinos de enganar a mais pura lei. Se eu morri na batalha foi para ser uma mera ilustração de uma imagem que não cansa de me dizer não. Não sou perdoada nem mesmo por meu irmão. Então, que venham as ciladas porque eu sou realização. Obrigada, de nada. Aqui deixo minha lição.
Sra. Leio seus textos com frequência. Mas são extensos e muitas vezes pesados . Hoje seu texto está leve. Na mimha opinião está muito melhor.
Caro Paulo.
Obrigada pela crítica.
Tento escrever de forma a transmitir algo que possa ser útil. Não consigo categorizar ainda o que escrevo. Agradeço pela leitura e vou levar em consideração o que disse, pois é construtivo.
Abraços,
Ticiana