DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Cheguei meio atrasado na escola e a aula já tinha começado. Um senhor que eu nem sabia que habitava conosco, estava falando sobre quando Júlio César atravessou o riacho Ipiranga, com suas tropas e um tanque fumarento, e disse quem for brasileiro que me siga, e deixou para trás um cabo e dois soldados, que era para eles lavarem a louça e fecharem a casa, trancarem tudo e depois virem atrás dando risada porque quem ri atrás ri por último, só que o cabo, que era membro da Academia de Letras pôs-se a escrever um livro de poesias intitulado Mein Kampf (Meus Campos), e ficou famoso com esse livro e não seguiu a tropa de Júlio César, e acabou formando seu próprio exército, que contemplava fogueteiros e começaram deitando fogo na Amazônia e no Pantanal e incluíram um Museu e uma Cinemateca no rolo. Inclusive, parece que até o Leonardo DiCaprio andou dando uma mãozinha, montando uma bicicleta e com um pau de fogo na mão. Eu estava à porta e pedi licença para entrar. O professor ficou aborrecido com a interrupção e bateu o pé, mas a síndica, lá do fundo da sala, atirou um sapato no cara e mandou calar a boca porque estávamos atravessando um período de escola sem partido, e quem falasse em política levava sapato na cara, à falta de ferradura.
Filme: A VIAGEM DO CAPITÃO TORNADO (Ettore Scola dirigiu em 1990. Com Vicent Perez, Ornella Mutti, Emanuelle Beart e Massimo Troisi – indicado ao Urso de Ouro no Festival de Berlim de 1991. Título original: Il Viaggio di Capitan Fracassa). O filme conta a história de um capitão que cuspiu no prato onde comia, e antes que tornasse a explodir o quartel outra vez (daí o apodo de “capitão tornado”) viu seu plano fracassar, e daí pegou suas tralhas e tomou rumo desconhecido e não sabido.