DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Falam em Jesus com uma desenvoltura como se tivessem passado a noite juntos. Tem a Dona Toiota, cuja missão era indicar a melhor goiabeira para o Mestre assentar-se, e agora deu uma sossegada; não tem visto mais Jesus. Em compensação não tem privilegiado áreas onde o plantio dessa mirtácea abunda. Outro dia, na CPI da Pandemia, sinhozinho reverendo chorou as pitangas ao ser posto sem calças diante dos leões. Sem calças é maneira de falar. E chamar de leões aqueles defensores da Democracia pode ser problema, uma vez que leão é só um gato bem posto na vida. Dona Humildes, que não perde um capítulo da novela, diz a quem quiser ouvir que tem muito gato, sim, naquele encontro de ilustres. E revira os olhinhos como não o faria as deusas do Cinema Mudo. Há, portanto, gatos e gatos. E, certamente, gatos gatos. Bem como existem vários Jesus. Para certo tipo de gente, Jesus é só uma máquina de fazer dinheiro. Há quem diga que o Mestre nem gosta de goiabas. É como se cada um de nós, cristãos, inventasse seu Jesus, quando deveria reinventar-se a si mesmo.
Filme: UM GAROTO NA MULTIDÃO (Um filme de Gérard Blain. Seleção Oficial no Festival de Cannes 1975 – com Jean François Cimino, César Chauveau e Annie Kovaks). Conta a história de um histrião que vestia fardinha de soldado porque sonhava ser marechal quando crescesse. Como nunca cresceu, permaneceu pequeno a vida inteira sonhando em ser líder dos tolos.
sempre uma delícia ler o Padrella.