Todo mundo escreve quando acha que não tem o que escrever. Pelo menos um bilhete para alguém dizendo que hoje tá difícil, falta inspiração, não tem assunto, etc. A não ser quando você tem que escrever porque te pagam pra isso, pois a hora do fechamento do jornal, revista, etc. está ali e o chefe não quer nem saber – quer o texto. Claro que só há um João Ubaldo que sempre disse escrever sob encomenda. Um dia o editor pediu para ele parir um livro grosso pois até aquela altura escrevia livros finos que eram lidos muito rapidamente. O baiano topou e escreveu “Viva o povo brasileiro”, um dos maiores clássicos da literatura brasileira. Sempre tenho o que escrever. Basta encafifar e deixar o santo baixar – ou sei lá o quê. Mas isso só quando quero. Na hora o caleidoscópio mental gira como um daqueles peões de um programa do Seu Sílvio. Quando para, a ideia já colocou a primeira palavra – e aí não para mais. Só agora.