7:07NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA GRIPEZINHA

Já sabemos quem são os bandidos; precisamos, agora, identificar os mocinhos. Essa frase, digna de ser pronunciada na CPI da Covid, foi colhida entre os nossos, e quando digo nossos estou me referindo a esta chusma aqui do condomínio. A síndica parece que não toma vergonha nos cornos. Trafega de burka pra lá e pra cá, e isso é uma inconveniência porque a gente nunca sabe identificar se é ela mesma ou se é o advogado, que também aderiu à burkagem. Quando as meninas do Bloco H trazem homem pra casa, entra todo mundo de cara coberta, e o porteiro deixa entrar que é para não receber esporro. Foi-se o tempo que ele, autoritário, mandava baixar as calças para que o condômino pudesse ser identificado. Ele se arvorava conhecedor de todas as bundas do pedaço. Depois do advento do Você Sabe Com Quem Está Falando, o funcionário tornou-se um inútil no serviço, mas fazia bela figuração. Ficou tão inútil que chegava ao ponto de deixar um boneco em seu lugar – com burka, pra não ser identificado – e passava uma, duas semanas sem aparecer no serviço. No dia fim do mês, a síndica deu o pagamento ao boneco. Zero reais. O porteiro entendeu o recado.

Filme: O JARDIM DOS FINZI-CONTINIS (Vittório de Sica dirige este que é, possivelmente, seu filme mais importante. Com Lino Capolicchio, Dominique Sanda e Fabio Testi). A história de uma ema que pastava ora no jardim dos Finzi, ora no dos Continis. Daí, tiozinho veio e disse: “Continis assim que tu vais ver qual será teu finzi”.

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