6:35NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA GRIPEZINHA

Ontem, na aula de História de Ibirapitanga, vulgo Brasil, tratamos de tratativas, seja lá o que isso signifique, e hoje vamos à aula seguinte: a desmunhecada do rapaz que, às margens de um curso d’água, ficou muito ofendido com cartas recebidas e disse bem assim: “Querem saber de uma coisa?” Nove quilômetros e meio pasto abaixo, passava, caudaloso, – como passa até hoje – o inocente rio Tamanduateí. Que naquele tempo era um rapaz distinto, sério e limpinho; depois que sujou a ficha transformou-se nessa coisa que está aí. Bom. Daí o tiozinho recebeu as cartas, arrancou do chapéu as penas de arara e ia dar gritar “ai que ódio!”. Mas…sempre tem um mas. Mas, fazia parte da caravana um polaquinho, acho até que era de Curitiba, que tiozinho sempre escutava o que ele falava. Escutava, mas não dava a mínima. O polaquinho falou bem assim, que logo ali ficava o Rio Tamanduateí, mais lindo que esse riacho onde nem dá pra lavar as partes direito. O herói escutou o polaquinho? Escutar não digo que não tenha escutado. Já que estava com o berro atravessado na garganta, soltou-o a plenos pulmões: “Vocês querem bacalhau?” Cuja frase passou à História mais aditivada. Ora, então! Tivesse seguido orientação do polaquinho, nosso hino nacional seria cantado assim: “Ouviram do Tamanduateí às margens plááááácidas…”

Filme: UMA BALA PARA O GENERAL (Damiano Damiani dirige Gian Maria Volonté, Klaus Kinski e Martine Beswick nesse western clássico). Reunidos numa cervejaria de Munique, os tenentes conspiravam. Alguma coisa teria que ser feita. Dentro de dias seria o aniversário do tiozinho general. “Vamos encher ele de bala”, propôs um tenente da reserva. “Sim”, concordaram todos os insurretos e alguns insucurvos. “Bala de menta” ele não gosta – disse um cabo, que nem era para estar ali. “Bala de hortelã vai arder se ele botar em outro lugar, pensando ser croroquinhas” – advertiu um tenente-coronel que era amigo íntimo do tiozinho e sabia coisas.  Optaram por presentear o militar com uma bala de canhão, que tiros de canhão faziam sua delícia. Pronto, contei o filme todo. Agora, se eu cantar a música vou cobrar inteira.

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