Ontem à noite o Ministério da Saúde anunciou a exoneração de Roberto Dias, diretor de Logística. Em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo, ele foi acusado de pedir propina numa negociação com o Laboratório Davati para a aquisição de 400 milhões de doses da vacina produzida pelo laboratório AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido). Ele teria pedido US$ 1 a mais por cada dose. Quem fez a denúncia foi Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil. Em reportagem do G1 (ver abaixo), o Dias disse estar sofrendo retaliação e a AstraZeneca informou que não tem intermediários no Brasil. A notícia da exoneração despertou a memória de um curioso no Paraná. Ele foi ao Diário Oficial e confirmou que no dia 07 de maio de 2018 foi publicada a nomeação de Roberto Ferreira Dias na Secretaria de Infraestrutura e Logística do Governo do Paraná no cargo de assessor (DAS-1), a partir de 17 de abril daquele ano. Pode ser tudo. Pode ser nada.
Governo exonera diretor citado como autor de pedido de propina a empresa
Segundo representante da Davati Medical, diretor de Logística do Ministério da Saúde pediu US$ 1 de propina por dose de vacina para fechar contrato. À GloboNews, diretor disse sofrer retaliação.
O Ministério da Saúde divulgou uma nota na noite desta terça-feira (29) na qual anunciou a exoneração do diretor de Logística da pasta, Roberto Dias.
Roberto Dias foi citado por Luiz Paulo Dominguetti Pereira, representante da empresa Davati Medical Supply no Brasil, em entrevista ao jornal “Folha de S.Paulo”. Segundo Pereira, o diretor pediu propina em troca da assinatura de contrato da companhia com o ministério.
Na nota divulgada na noite desta terça, o ministério não explicou o motivo da exoneração de Roberto Dias. Disse somente que a decisão foi tomada no período da manhã.
“O Ministério da Saúde informa que a exoneração de Roberto Dias do cargo de Diretor de Logística da pasta sairá na edição do Diário Oficial da União desta quarta-feira (30). A decisão foi tomada na manhã desta terça-feira (29)”, informou o ministério.
De acordo com o jornal “Folha de S.Paulo”, o representante da Davati procurou o Ministério da Saúde para negociar 400 milhões de doses da vacina produzida pelo laboratório AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford (Reino Unido).
A AstraZeneca informou que não tem intermediários no Brasil. Em nota à TV Globo, a farmacêutica afirmou que todas as doses de vacina do laboratório estão disponíveis por meio de acordos firmados com governos e organizações multilaterais, como o consórcio internacional Covax Facility. A empresa acrescentou que não disponibiliza vacinas para o mercado privado nem para prefeituras e governos estaduais.
À TV Globo, a Davati, com sede nos Estados Unidos, informou ter sido procurada por um de seus representantes no Brasil para que ajudasse a encontrar vacinas contra a Covid para o país. Ainda na nota, a empresa afirmou que providenciou uma proposta ao governo federal a fim de assegurar vacinas, mas que nunca foi formalmente respondida. “Portanto, a apresentação entre o governo e o vendedor nunca foi feita, e a discussão nunca avançou para um contrato”, acrescentou.
Segundo o relato de Pereira à “Folha de S.Paulo”, o pedido do diretor do ministério foi feito durante um jantar em 25 de fevereiro, em um restaurante de um shopping em Brasília. Ele afirmou ao jornal ter respondido que não pagaria propina.
De acordo com o jornal, Luiz Paulo Dominguetti Pereira disse que, durante o jantar, o diretor do Ministério da Saúde afirmou que “para trabalhar dentro do ministério, tem que compor com o grupo”.
Pereira, então, questionou qual seria esse grupo, e, de acordo com a publicação, o diretor respondeu que o acordo não avançaria se a Davati não compusesse com “o grupo”.
Ao jornal, o representante da empresa disse ter respondido a Roberto Ferreira Dias que a companhia não opera assim, ao que o diretor do ministério pediu a ele que pensasse “direitinho” porque “se quiser vender vacina no ministério, tem que ser dessa forma”.
Conforme a “Folha”, Roberto Ferreira Dias foi indicado para o cargo de diretor pelo deputado Ricardo Barros (PP-PR), ministro da Saúde no governo Michel Temer (2016-2018) e atual líder do governo Jair Bolsonaro na Câmara dos Deputados. Em 2019, quando o diretor foi nomeado, o ministro da Saúde era Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS).
Após a divulgação da reportagem no site do jornal “Folha de S.Paulo”, Barros publicou mensagem em uma rede social na qual nega ter indicado Dias.
“Em relação à matéria da Folha, reitero que Roberto Ferreira Dias teve sua nomeação no Ministério da Saúde no início da atual gestão presidencial, em 2019, quando não estava alinhado ao governo. Assim, repito, não é minha indicação. Desconheço totalmente a denúncia da Davati”, escreveu.
Ricardo Barros se tornou alvo da CPI da Covid, no Senado. Na semana passada, em depoimento à comissão, o deputado Luis Miranda (DEM-DF) e o irmão dele, Luis Ricardo Miranda, servidor do Ministério da Saúde, disseram ter relatado ao presidente Jair Bolsonaro as suspeitas de irregularidades envolvendo as negociações para compra da Covaxin, vacina contra a Covid-19 produzida na Índia.
Desde então, o líder do governo na Câmara tem negado irregularidades, afirmando que não há “dados concretos” nem “acusações objetivas” contra ele.
A CPI da Covid prevê votar nesta quarta (30) um requerimento de convocação de Ricardo Barros, para que ele explique as suspeitas sobre o caso Covaxin. Quando é aprovada a convocação, o alvo do requerimento é obrigado a comparecer à CPI.
kkk, explica essa Ricardo Barros
Coitada da Cida, que parece gente boa, mas quem manda é o marido.