DIÁRIO DA GRIPEZINHA

O gato chegou com um rato morto e depositou aos pés do novo funcionário do condomínio. Decerto para agradar ao cara. “Pra mim? Obrigado. Este é o melhor presente que já recebi. Não sei se devo guardar ou se você só veio me mostrar”. A síndica olhava por trás das cortinas. Nada lhe escapava nos seus domínios. O gato agradava-se da perna do cara, e nela se esfregava, possivelmente para deixar ali a marca do seu cheiro. A síndica espiando atrás das cortinas. O gato miava, feliz, e ronronava um som rouco que queria dizer que gostava do cara. O bichano falava numa linguagem que só o rapaz entendia: “É meu presente pra você”. O capitão espiando pela janela escancarada, esse não se amofinava em ser visto. Aquele carinho incomodava o militar. Ninguém ouviu ele dizer, só eu: “Nunca me fizeste assim, Genésio”. Robin veio à janela, espiar: “E por que gostarias de receber de mim um rato morto?” A síndica não estava mais na janela. Desceu as escadas num upa e noutro upa estava junto ao gato + funcionário. “Temos um princípio, senhor Não Sei das Quantas, de não aceitar mimos dentro do condomínio pelo qual respondo. Sempre depois de um mimo vem o pedido de um favor”. Olhou com crítica para o mimo e retornou ao lar. O homem apanhou o rato pelo rabo, o gato ainda lembrou ao cara: “é meu presente”, e o cara jogou aquilo na lixeira. O gato miou infeliz.

Filme: JURO POR DEUS (direção de Petter J.Borgli – detentor de doze prêmios internacionais) Essa emocionante película gospel revela os intestinos do Poder Paralelo e o real significado de juros por Deus, que outra coisa não é se não a cobrança de um percentual sobre o uso do nome do Pai).