DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Agora foi um pouco demais. Estava eu entregue aos braços de Morfeu, isso era o quê? Duas da madrugada. Dona Humildes adentra meu tabernáculo, vestida de noiva, e senta na minha cama. Jolim não latiu nem nada, só deu risada. Risada de cachorro é quando só mostra os dentes. Da sala vinha o choro convulso de Marylin. Não perguntei à intrusa “como é que a senhora entrou” porque, como aia do palácio, devia ter todas as chaves. Não tive outro recurso senão me arredar um pouco para dar lugar à noiva. Jolim aproveitou e refestelou-se no cantinho que abri na cama. Da sala vinha o choro convulso de Marylin, já disse. “Que é que está pegando, Marylin?” “É o capitão. Está aqui pegando no meu pé”. Procurei acalmá-la: “Durma, durma”. Mas, eu próprio me encontrava instável, que hoje é dia de CPI e não estudei nada. A cola eu já decorei, nem preciso mais dela: “O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra. São cinco os continentes, sem contar com a Lua, que não perde por esperar. Hipotenusa é a soma do quadrado dos tatetos que aquele menino tinha internado”. O sono vem chegando, dou um chute na bunda de Dona Humildes defenestrando a intrusa, e Jolim pula fora sabendo que pode sobrar pra ele.
Filme: PAPILLON (direção de Franklin J. Schaffner, com Steve McQuenn e Dustin Hoffman). Enquanto a CPI significa para alguns um borrar nas calças, para outros é apenas um papinho ameno, um papillon, como se diz em Francês.