8:19NELSON PADRELLA

DIÁRIO DA GRIPEZINHA

Ela chegou com roupa da Seleção Brasileira, tipo assim toda patriótica. Passou fácil pela portaria, cujo seu Miguel já conhecia a pilantra. Chamo de seu Miguel porque não sei o nome do porteiro, mas tem cara de Miguel. Ele ainda disse: “Vai levantar uma bola hoje?”, mas ela fez ouvidos de pequi. Encaminhou-se aos seus guardados, e de lá saiu para o batente, vestindo uma blusa vermelha. O pequeno Robin, que vinha entrando com um cartucho de pães e certamente de fiambres, estranhou aquela cor meio petista mostrada como uma bandeira feita em fralda, ou seja, desfraldada. Correu avisar o capitão, que já estava impaciente porque o raio desse garoto leva duas horas pra ir daqui até ali buscar pão. O piá entrou, deixou o pacote na mesa e já recebeu esporro: “Teve que esperar o pão assar, Genésio?” Chamava o piá pelo nome de batismo, uma vez que a criança não estava paramentada para o combate ao crime. Em resposta, o infante foi lá dentro, trocou de roupa e apresentou-se como menino-prodígio. E revelou que Dona Humildes estava vestindo uma camisa vermelha. Esperava do amigo que dissesse Shazam!, uma coisa assim, e tomasse providência contra aquela provocação. Escolhendo um dos pães que o menino tinha trazido, o herói revelou que a camisa era dele mesmo – do Genésio -, que não usava mais desde o tempo do Vampiro Golpista, um dos seus mais assíduos adversários.

Filme: OS PALHAÇOS (direção de Federico Fellini, com o próprio fazendo todos os papéis). Os caras estavam reunidos, aguardando que Dona Izaura viesse explicar por que é que tinha feito o que fez e não feito o que deixou de fazer. E se estavam esperando, como um bando de coalas felizes, lá continuaram no aguardo. Daí, um deles falou: “Dona Izaura pensa que a gente é palhaço?”

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