Tinha o táxi do Miquelino. O único da vila. Era do tamanho de um porta-aviões. Preto, importado, americano com um nariz enorme. Não havia um banco atrás. Eram dois. Um de frente pro outro, como numa limusine. Quando estava estacionado na frente da casa, a gente entrava, porque as filhas dele com a Miquelina eram amigas. E fazíamos todas as viagens possíveis – com ele paradão. Aprendemos nos filmes americanos, mas sem as imagens rodando ao fundo. A nossa era muito melhor. Um dia assumi o volante e fui até uma parada de ônibus na Dutra. Tomei o Ovomaltine e comi a canoa do pão francês com manteiga derretida. Voltei rápido. O chofer precisava sair para mais uma corrida. Logo ali perto havia um cinema. No domingo seguinte andei nos carros com as estrelas de Hollywood.