Eu adentro as profundezas
Porque a superfície
Fez-me tábua
A descer rios
Que desaguam mágoas
O último será o primeiro
Sol a renascer na comunhão
Da noite com a estrada
Onde percorrem multidões
Onde eu quis ser namorada
Não fixando o credo
Nem partindo para a jornada
Apenas me convencendo
Que a morte é uma cilada
Caindo em desespero
Pelas águas da madrugada
Vejo um rouxinol
E beijo a noite estrelada
A face mais sutil
Da impermanência criada
Por aquele que nunca viu
Que eu jogo dados
E Deus me dá a sílaba
Mais que perfeita
Por mais que errada
No mundo dos mistérios
Eu sou quem constrói a jangada
Da travessia que eu fiz
Entre o escudo e a espada