DIÁRIO DA GRIPEZINHA
Viva eu, vida tu, viva o rabo do tatu. A moda agora é cuspir na cara da mãe. O que me faz crer que esse pessoal que bate no peito pra dizer que a família é sagrada está mentindo ou não vale um pequi roído. Ainda se fosse cuspir na cara da mãe dos outros, seria de se pensar. Mas na própria, isso não está em nenhum versículo da Bíblia. Onde é que você leu: “Ora, tendo Jesus retornado do deserto, chegou em casa e cuspiu na cara da mãe?” Outro trecho: “Maria saiu em busca do Filho e foi encontrá-lo com os apóstolos à sombra de uma oliveira. Jesus foi ao seu encontro e disse: “Ai, galera, veja o que vou fazer”. No tempo que minha mãe vivia eu tinha todo o respeito por ela. Hoje guardo respeito por sua memória. Como qualquer ser humano normal. Não consigo imaginar se, num momento de idiotice máxima, tivesse renado (dado uma de Renan) no rosto da mãe. Com certeza nunca mais conseguiria roer um pequi com esses dentes que a terra há de comer.
Filme: NO CALOR DA NOITE (Norman Jewison dirigiu Sidney Poitier e Rod Steiger nesta película vencedora do Oscar de “Melhor Filme” de 1967). A história é banal, mas ganha corpo com a direção surpreendente tomada por um ator mirim que nem era para estar no filme. A temperatura estava insuportável; nem a menor brisa amenizava a noite. Alterado com o calor infernal, o piá chega em casa e cospe na mãe.