por Cristina Serra
Não é a liberdade religiosa que está em jogo, mas a vida dos brasileiros
A decisão do ministro do STF Kassio Nunes Marques a favor dos cultos religiosos presenciais sabota os esforços de prefeitos e governadores para controlar a pandemia, agride a ciência, empurra mais brasileiros para o cemitério e desrespeita o sacrifício dos profissionais de saúde, que estão trabalhando no limite da exaustão física, mental e emocional.
O ministro atendeu a um pedido da Associação Nacional de Juristas Evangélicos (Anajure). Não é uma entidade qualquer. Fundada em 2012, a associação já teve a delirante Damares Alves como sua diretora de assuntos legislativos. Tem 700 associados, entre advogados, juízes, procuradores e desembargadores.
O advogado-geral da União e pastor, André Mendonça, era assíduo frequentador dos eventos da entidade, antes da pandemia. Aliás, foi Mendonça que, mais que depressa, pediu a intimação do prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil, quando este anunciou que não cumpriria a decisão de Nunes Marques. Depois da ameaça, Kalil voltou atrás.
Reportagem da revista Piauí (edição 169) revela o intenso lobby da Anajure para emplacar em cargos importantes do poder público defensores da sua agenda cristã ultraconservadora. A associação trabalhou, por exemplo, pelos nomes do procurador-geral da República, Augusto Aras, do defensor público-geral federal, Daniel de Macedo, e do ministro da Educação, Milton Ribeiro, também pastor e apologista da “vara da disciplina” para corrigir os filhos.
A Anajure parece ter obsessão com o tema. Recentemente, saiu em defesa de uma escritora que tivera um livro proibido pela Justiça por preconizar castigos físicos na educação das crianças. Outras fixações são o aborto e a “ideologia de gênero”.
Nesta quarta-feira (7), o plenário do STF decidirá sobre cultos e missas presenciais ou virtuais. Espera-se que recoloque a questão em sua real dimensão, afastando da discussão qualquer traço de fanatismo. Não é a liberdade religiosa que está em jogo, mas a vida dos brasileiros.
*Publicado na Folha de S.Paulo
O problema é ter dado guarida ao oportunismo, a justiça desvencilhou de sua função, promover o equilíbrio quando se está a vida em risco.
O que se pressupõe que o ministro estaria pagando uma retribuição, ao liberar culto em situação criticat
Essas associações são o que os sindicalistas foram nos governos petistas, só mudou a motivação, a finalidade é a mesma.
Goste ou não a ilustre jornalista, eles representam uma boa parcela da população e textos como o dela só demonstram o mesmo viés de sempre, o “nós x eles” a começar pelo pelo título, que generaliza, pois mesmo tendo sido autorizada a abertura (e concordo que não deveria ter ocorrido), muitos não aderiram, o que demonstra que neste mesmo grupo há muita gente consciente dos riscos.
Enchem-se os templos, as contas bancárias dos pastores corretores de terrenos no céu, ídem e … o transporte público incha. Inchaço é sintoma de doença.