18:42ZÉ DA SILVA

No dia 31 de outubro de 1975 ele estava lá, na missa. Desde que comungou pela primeira vez, ainda de calças curtas, não fazia isso. Alguma coisa o levou até ali na catedral da grande metrópole. Suburbano, foi de ônibus, furando um bloqueio que diziam haver. Alguém morreu e disseram que tinha se enforcado numa cela. A foto era horrível e gritava o contrário. Ele foi e aquelas 8 mil pessoas que estavam ali jamais imaginariam que o menino que chegara à maioridade tinha uma farda em casa. Ah, esses momentos decisivos na vida que hoje ele pensa e fica satisfeito em ter escolhido o lado do coração, da alma, da formação. Violência ele tinha sentido pouco tempo antes, ao ser atropelado por um cavalo com o soldado empunhando sabre. Por que? Entrou numa passeata como o gaiato do navio – e saiu correndo quando a cavalaria apareceu. Não teve medo, assim como no dia em que rezou pela alma de alguém que não fez nada, apenas exerceu o hábito de pensar e ser humano. Ideologia ele queria uma pra viver. Era essa! Por isso foi ao templo e, talvez, tenha encontrado deus ali, no meio da multidão que se uniu para sempre. Porque, como na letra da música… O sol há de brilhar mais uma vez/ luz há de chegar aos corações/Do mal será queimada a semente/O amor será eterno novamente/É o juízo final/A história do bem e do mal/ Quero ter olhos pra ver/A maldade desaparecer

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