SAPATOS DE AUSCHWITZ
Sapatos de Auschwitz, por onde terão andado enquanto seus donos, vivos, carregavam nos pés a necessária couraça? Aqui um calçado austero. Pertenceu a um rapaz que amava uma polaca que tinha sonhos de casar. Este outro foi de um atleta, nadava no frio Wista colecionando as medalhas que sonharia ganhar (não fosse o sonho cortado). Ali, o dourado salto de um sapato de senhora. Dançou em salões de baile com o noivo amante marido da dona que o tinha aos pés. Acompanhou cada sonho da noiva, amante, senhora. Que fim levaram esses sonhos? Sapatos de Auschwitz, que chãos terão pisado, em quantos bailes dançado, quantos desfiles marchado? Se falavam entre si daqueles tempos ditosos, diziam de amor e paz, de trabalho, de esperança, de todo sonho a sonhar. Agora, silenciosos, deixam de matraquear por ser muito amarga a história que têm para nos contar.
Genial!