DIÁRIO DA PANDEMIA
Pois muito bem. Chegamos aos idos de março. Júlio Cesar confiou no filho Brutus, mas será ele quem levará o pai para a desgraça. Quando avisaram que seria traído, o presidente de plantão respondeu: “Não seja bruto”, no que estava redondamente equinovocado. As nereidas riram às escâncaras, seja lá o que isso signifique. No Congresso, todos reunidos para o momento da matança. Todos com suas togas branquinhas e fedendo a mijo. Mania de lavar as roupas com produtos caseiros! Começa a sessão. É dada a palavra ao orador, como sempre acontece. O orador fez suas orações, persignou-se, disse que Deus está te vendo, e quando ele falou vendo já um bobo da corte mandou botar preço. Posto o que, foi realizada a contagem. Primeiro a dançar foi o médico, aquele, me esqueço o nome dele. Depois veio outro médico, nem deu tempo de esquentar a cadeira. Daí veio o General Mandam Obedeço, que fez o que fez e deixou de fazer o que deveria ter feito. Agora, acaba de ser guarnecido com o título de Salvador do Rebanho, outro profissional da área, que já entra vestindo a camisa da Seleção. (Me explico: Brasil abre os jogos da Copa do Mundo fazendo o primeiro gol. Contra). Temos, pois, quatro cavaleiros aguardando o apocalipse. Enquanto isso, o filho mais querido de Sua Alteza faz bobagem em cima de bobagem, numa competição boba com os manos.
Filme: FELLINI, A HISTÓRIA DE UM MITO (documentário). A infância pobre, a adolescência galinheira, os sabonetes caídos no banheiro do quartel, a vontade de mandar tudo pro espaço, o ingresso na vida pública, rachada aqui e ali e a mágoa de nunca na vida ter tido a mãe da mão pousando em sua cabeça e dizendo: “Já reparou que tem uma coisa crescendo aqui?”