DIÁRIO DA PANDEMIA
O menino era conhecido pelo nome de Obobo. Desde cedo mostrou inclinação científica. Seria um inventor. Com a grana que papai amealhava das rachadinhas montou sua indústria de fake news, que era uma espécie de hamburguer sem pão e sem vergonha na cara. Fritos, ficavam uma delícia. Ele foi o inventor do hamburguer sem pão e frito na brasa. Nunca ninguém viu um desses hamburgueres, mas a culpa não é de quem vê, mas de quem não vê. Tinha uma equipe de motoqueiros fantasmas (nome de personagem das HQs), para fazer entrega de fake news que outra coisa não eram senão hamburgueres sem pão e sem hamburguer. Prosperou como inventor. E isso porque esta terra abençoada sempre premia os que trabalham. Não importa se trabalham para o diabo, o que vale é mostrar serviço. Sua mais recente invenção foi a de defender papai do indefensável. Quem vier verá. Destarte, já não se podia chamar franga de franga, abestado de abestado e genocida de genocida. Isso me reporta aos anos de chumbo. A fome grassava no Nordeste, pobre Nordeste sempre abandonado. Aí, um general – me encham de croroquinhas se não foi o General Tutuna Minhamão, que sugeriu que a palavra fome fosse trocada pela palavra alegria. Assim, os nordestinos passariam a morrer de alegria, bênção essa a que todos estamos sujeitos, e não sei porque eu disse isso.
Filme: FEIOS, SUJOS E MALVADOS (direção de Ettore Scola, com Nino Manfredi no papel principal). Uma gente muito feia ocupou o Palácio de Terranostra. Fez muita sujeira enquanto ocupava o Poder. E sua diversão era ver o povo morrendo de peste. Até que, lá dos confins da galáxia surgiu um exército de guerreiros comandados pelo Capitão Nove, e o resto só o futuro dirá.