DIÁRIO DA PANDEMIA

Desde o começo da pandemia estamos cometendo um erro fundamental, seja lá o que isso signifique. O lance da máscara foi esclarecido pelo mestre Banana Caturra, quando de sua sagrada viagem à terra santa. A gente usando aquele artefato sobre nariz e boca, e alguns mais exaltados cobrindo até os olhos. Outros, que ainda não conheciam a palavra daquele jênio, davam preferência às orelhas, e mais orelhas tivessem em mais orelhas pendurariam as máscaras. Na sequência havia os que privilegiavam só a boca, deixando o nasal ao léu para que cheirasse odores e desodores, que cá os há, e muito. Se as boquitas ficassem tampadas, isso incomodaria as moças, que não poderiam exibir o vermelho do batom, como um farol campeando naves perdidas no oceano da urbe. Não se pode esquecer dos cotovelosos, que são aquelas criaturas que carregam o utensílio no meio do braço, como se por ali pudesse ocorrer uma invasão de vírus. Pois estavam todos errados. Estávamos todos errados. Mestre Banana Caturra nos esclareceu qual lugar do corpo é propício para enfiar a máscara. Aí me caiu a ficha. Era por isso que ele e papai nunca mostravam que estavam de máscara. Eles sempre as usaram no recôndito, que seria, então, o lugar certo. E a gente aqui maldando que não usavam aquela peça íntima. Ignorante que sou no trato com essas coisas, perguntaria ao garoto-filho-do-homem se as máscaras postas na bunda, se isso seria na horizontal ou na vertical. Sim, porque se for na horizontal seriam necessários dois colchetes ou uma espécie qualquer de presilha para manter o artefato no lugar. Por outro lado, se o objeto for posto na vertical seria necessário apenas um colchete porque a outra ponta da máscara teria onde ficar apoiada. Isso para os homens. Quanto às mulheres não digo nada, dado meu respeito. Para encerrar, surge-me uma dúvida. Estaria o ilustre propondo uma coisa, vamos dizer, mais radical? O que me remete ao senador dos guarás, não sei se estão lembrados.

Filme: PARANOID PARK (Direção de Gus Van Sant, com Gabe Nevins, Taylor Momsen, Jake Miller e Dan Liu – premiado no Festival de Cannes). Visando melhorar a imagem do Governo, o doidivanas decidiu mudar o nome do Palácio para outro nome mais condizente.