Do MaringáNews
Trecho de reportagem de Hugo Marques na revista Veja desta semana, sobre a demissão da funcionária que investigava fraudes no governo após ser acusada de envolvimento com quadrilha que vendia testes superfaturados de covid-19:
A auditora do Tesouro Nacional Renata Mesquita D’Aguiar sempre sonhou em entrar no mundo da política. Quando teve a oportunidade de trabalhar na Câmara dos Deputados, passou a conviver com parlamentares e se tornou amiga de alguns deles. Filiada ao Progressistas, concorreu ao cargo de deputada distrital em 2018, mas acabou derrotada nas urnas. Nada que a desanimasse. Com a experiência eleitoral na bagagem, Renata traçou novas estratégias para conseguir ser eleita. Uma de suas prioridades era participar de um projeto de ponta de gestão pública, daqueles que envolvem vários estados. A capital do país tem sido terreno fértil para investigações. Em fevereiro, uma reportagem de VEJA mostrou que a Precisa Comercialização de Medicamentos — empresa responsável por vender ao Ministério da Saúde, por 1,6 bilhão de reais, 20 milhões de doses da vacina indiana Covaxin — também é investigada por fornecer testes de Co-vid-19 superfaturados à Secretaria de Saúde do DF. O dono da Precisa se chama Francisco Maximiano e é um especialista em contratos suspeitos com a administração pública. Outra de suas empresas, a Global Gestão em Saúde, foi alvo de uma ação de improbidade administrativa por ter recebido, em meados de 2017, um pagamento indevido de 20 milhões de reais do Ministério da Saúde, que era chefiado pelo atual líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros, filiado ao mesmo Progressistas da auditora Renata e do senador Ciro Nogueira, o donatário do FNDE. Segundo o Ministério Público, a Global recebeu recursos antecipadamente para fornecer medicamentos para o tratamento de doenças raras, que não chegaram a ser entregues. Em razão disso, catorze pacientes morreram. Aos investigadores, um servidor da pasta disse que foi pressionado por um diretor — indicado pelo Progressistas e que mencionava “o nome do ministro” — para liberar o pagamento de forma irregular. Maximiano e Barros negam as acusações. O fato é que a pandemia atiçou o apetite de algumas espécies que se nutrem da sangria dos cofres públicos.