5:49Quantas mortes cabem num dia de trabalho de Bolsonaro?

por Bruno Bhogossian

Enquanto falava em ‘frescura’ de medidas de proteção, 29 brasileiros morreram

Pela manhã, Jair Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada e foi até a Base Aérea de Brasília. Antes de decolar, repetiu nas redes sociais a propaganda de sua caçada pelo spray nasal israelense contra a Covid, que ainda não tem eficácia comprovada. Quando o avião presidencial deixou a pista, 600 pessoas já tinham morrido da doença no país, segundo a média dos últimos dias.

Às 9h15, o presidente pousou em Uberlândia (MG). Durante o voo, outros 55 brasileiros morreram. Antes de seguir para Goiás, Bolsonaro parou para conversar com apoiadores. A cidade tem 100% dos leitos de UTI ocupados, mas o governo montou um cercadinho no setor de cargas e causou aglomeração no aeroporto.

Ali, o presidente disse que quem cobra dele a compra de vacinas é “idiota”. “Só se for na casa da tua mãe. Não tem para vender no mundo”, completou. Ele deixou o aeroporto de helicóptero, por volta das 10h da manhã, 55 mortes depois.

Em meia hora, Bolsonaro chegou a São Simão (GO) para inaugurar um trecho da ferrovia Norte-Sul. Antes de subir no palanque, ele entrou numa locomotiva, sorriu para fotos e conversou com os convidados. Quando o hino nacional começou a tocar, a conta de vítimas da pandemia havia subido em 168. Quando soou o último acorde, eram mais quatro.

Nos discursos de empresários e autoridades, 74 vidas ficaram para trás, e mais uma se foi quando Bolsonaro descerrou placa comemorativa da obra. Foram mais quatro mortos até que o presidente dissesse: “Chega de frescura e de mimimi. Vão ficar chorando até quando?”. Depois de 21 vítimas, ele voltou a incentivar o uso de cloroquina e, com outros quatro mortos, encerrou o evento.

O presidente pousou em Brasília às 15h30, quando o país somava quase 1.150 óbitos no dia. Ele apareceu de novo 260 mortes depois, em sua transmissão semanal nas redes. Repetiu dados falsos sobre máscaras e atacou medidas de restrição, enquanto o país contava mais 74 vítimas. Até o fim da quinta-feira, outros 300 brasileiros estariam mortos.

*Bruno Boghossian, jornalista, foi repórter da Sucursal de Brasília. É mestre em ciência política pela Universidade Columbia (EUA).

*Publicado na Folha de S.Paulo

2 ideias sobre “Quantas mortes cabem num dia de trabalho de Bolsonaro?

  1. Engenheiro curitibano

    Prefeito Greca, sou cidadão de Curitiba e tenho 68 anos. Engenheiro, você sabe o que é cronograma. Me informe, por favor, em que dia serei vacinado. Se depender de autoridade superior, me informe para que dia pediu a esta autoridade uma resposta clara, objetiva. Uma data calendário! Centenas, milhares de idosos curitibanos esperam esta resposta!

  2. nelson padrella

    Fui vacinado ontem, no Parque Barigui, e só tenho elogios para o atendimento que a população de idosos recebeu. Tudo muito organizado, como deve ser. Muito respeito por parte de todos os atendentes, como tem que ser.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.