10:55Epílogo

de Robert Lowell

Essas estruturas abençoadas, enredo e rima –
por que nenhuma delas me socorre nessa hora?
Quero fazer
algo da imaginação, não de recordação.
Ouço o ruído da minha própria voz:
A visão do pintor não é uma lente, treme para acariciar a luz.
Mas às vezes tudo o que escrevo
com a arte surrada de meus olhos
parece uma foto instantânea,
pálida, rápida, luminosa, amontoada,
ampliada da vida,
ainda que paralisada pelo fato.
Tudo é um concubinato.
Por que não diz o que aconteceu?
Reze para a graça da precisão
que Vermeer deu à iluminação do sol
serpear como a maré através de um mapa
até a sua rígida pupila ambiciosa.
Somos atos pobres e fugazes,
advertidos por dar
a cada figura na fotografia
o seu nome em vida.

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