Da revista Crusoé
Os amigos do amigo de Bolsonaro
O amigo e ex-advogado do presidente Jair Bolsonaro e família, o incancelável Frederick Wassef, ganhou uma bolada de 9,8 milhões dr reais da JBS, segundo um relatório do Coaf revelado pela Crusoé . Mas adivinhe o que aconteceu? O relatório do Coaf foi anulado pela Justiça, que também trancou o inquérito sobre a relação entre Wassef, aquele que escondeu Fabrício Queiroz numa casa em Atibaia, e a empresa. Em reportagem exclusiva, a Crusoé mostra a teia de interesses que livrou de investigação o ex-advogado de Bolsonaro, que circula ao lado de Flávio Bolsonaro e nos gabinetes de gente poderosa em Brasília.
Leia um trecho da reportagem:
“Depois de dois anos tentando blindar a família do presidente Jair Bolsonaro de um escândalo que nasceu com a revelação das transações atípicas identificadas pelo Coaf na conta bancária do hoje notório Fabrício Queiroz, o advogado Frederick Wassef parece ter aprendido os atalhos – e o timing – para aniquilar provas e minar na origem uma investigação com potencial explosivo. Desde agosto do ano passado, quando Crusoé revelou que um relatório de inteligência produzido pelo mesmo Coaf apontava pagamentos de 9,8 milhões de reais feitos pela JBS a Wassef, o ex-defensor do presidente e do senador Flávio Bolsonaro passou a circular por Brasília advogando em causa própria. A amizade com magistrados das cortes superiores, a influência que ainda exerce sobre quem ocupa o Palácio do Planalto e escolhe integrantes para os postos mais altos do Judiciário e, claro, a atual conjuntura política pró-impunidade, que nesta semana resultou na extinção da força-tarefa da Lava Jato de Curitiba após sete anos, bem como na eleição de um réu por corrupção à presidência da Câmara — tudo isso rendeu a Wassef uma vitória sui generis no Tribunal Regional Federal da 1ª Região. Por unanimidade, a Terceira Turma da corte anulou o relatório do Coaf sobre Wassef e trancou o inquérito sobre a relação dele com a JBS, acolhendo a tese de que foi a produção do relatório que se deu de “forma atípica“, e não as movimentações financeiras de Wassef. Não satisfeito, o tribunal ainda determinou que a Polícia Federal investigue o “aparato do Coaf” que teria atuado na “quebra indevida de sigilo bancário e fiscal” do advogado bolsonarista e o “vazamento indevido” das informações reveladas por Crusoé.
A decisão beneficiou não apenas Frederick Wassef, mas também a empresária Cristina Boner, sua ex-mulher, dona de empresas com contratos milionários com o governo federal, e duas filhas dela — todas aparecem citadas no mesmo relatório do Coaf porque fizeram transações financeiras consideradas atípicas, como depósitos fracionados ou envolvendo altas quantias de dinheiro vivo. O processo, como de costume, está sob sigilo. O acórdão, ao qual Crusoé teve acesso, foi publicado no dia 15 de dezembro, cinco dias antes do recesso do Judiciário.”