DIÁRIO DA PANDEMIA
(mais um capítulo de uma novela nonsense) Para meu azar, o cara que joga truco sozinho me viu no corredor e me convidou para uma partidinha. Valendo uma pizza. Concordei para não deixar o cara chateado. Voltei para meu cafofo, peguei o baralho e disse que quem dava as cartas era quem tirasse o ás de paus. Fiz de maldade, porque sei que no baralho dele não tem ás de paus. Sentado no conforto do meu lar, gritei pra ele que tinha tirado o ás. O vizinho ao lado respondeu: “Cala a boca, burro”, e logo a noite caía, e meu adversário de truco deve ter ido dar milho às galinhas que um dia já teve. Jolim me olhou como quem diz: “Viu só o que você foi arranjar?”
Empatia é quem verruga: ou você tem ou não tem. Não rola esse negócio de esconder que tem, se a tem, ou de fazer alarde que a tem não a tendo. Sabemos todos que verrugas não nascem do nada, assim, puft, num passe de mágica. São anos e anos de prática até atingir a perfeição. As melhores verrugas são aquelas que tomam o lugar do cérebro, e isso tem um lado bom, que é o indivíduo não precisar pensar. De ruim é que às vezes a verruga coça, e isso acontece quando ela está pedindo maldades, e é só o verruguento praticar uma maldade que a coceira passa. Não digo que passe: é adiada para mais tarde. Elas podem também proliferar – seja lá o que isso signifique – em outras partes do corpo, sempre provocando coceiras às vezes constrangedoras, e o cara pensa que é sarna e vai ver é uma verruga que está nascendo. Foi colocado na Constituição de 88 um artigo vedando a qualquer pessoa cerebralmente verrugada o exercício de qualquer cargo público, principalmente candidatos eleitos por eleitores verrugosos. Mas, quem é que vai ficar dando bola pra Constituição, não é mesmo?
TABULETA NA PORTA DO BORDEL: Aqui se faz, aqui se paga.