Nilson Borges, o Bocão
Este menino eu conheci em 1977 quando estive em Curitiba pela primeira vez. Cobria as férias do saudoso Milton Ivan, repórter da revista Placar. Eu, no início do estágio onde me mantenho até hoje, senti de cara que estava diante de um sangue bom, como diria outro que se foi, meu amigo Dionísio Filho, o Djonga. Nunca vi Nilson Borges jogar, assim como Kruger, outro que atravessou o espelho, mas, assim como todos que o conheceram, não precisava. Sabia da história dentro do campo, de seu começo em São Paulo, na Portuguesa de Desportos, que foi campeão paranaense pelo Atlético de sua vida, o rubro-negro, num time que… precisa falar? Olhem a foto acima, do time posado, com Djalma Santos, Belini, Zé Roberto, Célio Maciel. E quem é que está com a bola? Ele, que sempre a tratou com o devido carinho, como ensinou Nilton Santos – e isso ele fazia muito bem depois que parou de jogar e ficou para sempre no coração da torcida e principalmente de quem o conheceu. Pois naquele dia, há 44 anos, quando fui atrás do ponta-direita Katinha, vi o Nilson, que não conhecia nem de história da bola, e ele abriu este sorriso aí que parece nunca ter desmanchado na vida – e que poderia substituir o apelido Bocão, pois foi esteve sempre ali em todos estes anos. A Baixada mudou muito desde aquele dia, mas ele, nunca, como todo ser humano especial que, por algum motivo, sabe que sempre cumpriu sua missão aqui na terra com o melhor que poderia dar. Ao saber que esta praga da Covid o afastou e que ele logo depois foi acometido de uma doença que paralisou suas pernas, veio o pensamento de que seres como ele flutuam sempre como na hora em que dá o drible sobre o marcador e evitam a pancada. Nilson Borges não tinha idade. Sabe-se que apareceu na Terra em 1941 – e ficará para sempre, nos dando de presente, além de tudo que fez dentro de campo, este sorriso que nos ilumina e ensina. Obrigado. Amém.
É um gente boa . Coisa difícil de encontrar no futebol atualmente